Resumo Dentre alguns dos efeitos esperados das mudanças climáticas previstas para o próximo século podemos citar: a subida acelerada do nível médio do mar e as modificações no clima de ondas, acompanhadas de alterações no balanço sedimentar, os quais causarão impactos adversos nas regiões costeiras de todo o mundo. O aumento do nível médio do mar causa retrogradação costeira; um déficit sedimentar pode ter um efeito semelhante. De forma geral, ainda existem grandes incertezas tanto em relação às taxas projetadas de subida do nível do mar, quanto às estimativas do balanço de sedimentos, sendo assim relevante determinar quão sensível é a costa a alterações em cada um desses fatores. Neste contexto, este artigo visa fornecer uma avaliação quantitativa dos efeitos da variação de cada um destes parâmetros através de avaliações baseadas em risco da distância de recuo da linha de costa, usando um modelo costeiro agregado, o DRanSTM (Dilating Random Shoreface Translation Model). Em cada simulação computacional separada, um balanço sedimentar e um cenário de elevação do nível do mar foram definidos para o trecho costeiro que inclui a Praia do Hermenegildo, Rio Grande do Sul, Brasil. Efeitos das alterações no clima de ondas não foram considerados diretamente neste estudo. Entretanto, medidas indiretas de tais mudanças são refletidas no balanço sedimentar costeiro estimado. Os resultados das simulações demonstram que sob as atuais taxas de subida do nível médio do mar, o déficit de sedimentos exerce controle sobre a retrogradação costeira. Por outro lado, sob a condição de subida acelerada do nível do mar prevista para o ano 2100, a retrogradação média da costa será ditada pela elevação do nível do mar, considerando que déficit histórico de sedimentos será mantido.
Abstract Climate change effects such as accelerated sea-level rise, wave climate alteration and disturbances on sediment-budgets are anticipated to lead to a range of adverse impacts in coastal regions around the world. A rise in sea-level is expected to cause shoreline recession, and a sediment deficit can have a similar effect. Since large uncertainties exist in relation to sea-level rise rates and sediment budgets, it is relevant to determine how sensitive the coast is to each of these disturbances. In this context, this paper provides a quantitative evaluation of each of these parameters in terms of modeled coastal recession through risk-based assessments using an aggregated coastal model, the DRanSTM (Dilating Random Shoreface Translation Model). In each separate computer simulation, a sediment budget and a sea-level scenario were set for an erosional coastal stretch: Hermenegildo Beach, Rio Grande do Sul state in southern Brazil. Effects of changes in wave climate were not directly considered in this study. However, indirect measures of such changes should be reflected on coastal sediment budgets. Simulation results demonstrate that under present-day sea-level rise rates, sediment deficit exerts control over coastal recession. Conversely, under the higher forecasted sea-level rise for the year 2100, mean shoreline recession will be dictated by sea-level rise, considering historical sediment deficit will be sustained.